sábado, 19 de abril de 2008

PAZ

POR UMA CULTURA DA PAZ[1]



Vera Maria Candau[2]



Não é fácil situar-nos diante da questão da paz na atual situação do mundo e do nosso país. Corremos o risco ou de negar a realidade ou de não reconhecer o sentido profundamente antropológico e político-social do anseio de paz presente nos indivíduos e nos grupos sociais.

Numa contraposição clássica, paz se opõe a guerra. Depois da Segunda Guerra Mundial até praticamente o final da década de oitenta, o mundo viveu sob a tensão da chamada Guerra Fria. Expressão certamente curiosa que tentava distinguir situações onde a guerra passava por operações bélicas, cada vez mais sofisticadas, daquelas em que as “armas” em “frias”, se situavam no plano ideológico, científico e cultural. Certamente neste período não faltaram também as guerras “quentes” que ceifaram muitas vidas... No entanto, com a queda do Muro de Berlim, com a derrota do socialismo real, a afirmação da hegemonia absoluta do capitalismo como sistema econômico em sua fase neoliberal, da democracia formal e da perspectiva do “fim da história”, tudo parecia resolvido em sua dinâmica fundamental e a verdadeira paz seria alcançada. Era somente uma questão de tempo. O caminho estava traçado.

A década dos 90 veio desmanchar este sonho. As guerras “quentes” não desapareceram. Multiplicaram-se. Com uma característica especial: a maioria se desenvolve principalmente no interior dos países, entre grupos sociais, culturais, religiosos, étnicos, etc. As formas de violência se multiplicaram. Além disso, hoje podemos falar também das “guerras surdas” da fome, da exclusão, da pobreza, do narcotráfico, da intolerância racial, da marginalização e do preconceito. Estas guerras não matam menos nem criam melhores condições para se construir a paz. Os tratados negociados entre governos, por mais frágeis que muitas vezes são, significam um passo importante para buscar solução, construir a paz, nas guerras convencionais. No entanto, a “guerra surda”, é um fenômeno diluído na sociedade, que penetra os diferentes espaços sociais. Afeta comportamentos pessoais e coletivos, mentes, corpos e corações. Necessita outros processos de negociação e outras categorias para ser enfrentada. É neste contexto que a educação tem de se perguntar qual é o seu papel e como pode colaborar para a construção de uma cultura da paz.





A PAZ NÃO EXCLUI O CONFLITO



É freqüente a afirmação de que paz é ausência de conflito. Se nos colocamos nesta perspectiva, idealizamos a paz, pois o conflito é inerente a vida humana. Não há crescimento pessoal sem que passemos por momentos de crise e conflito. Também no plano social, o conflito é parte da dinâmica de relações e confronto de interesses. Numa sociedade pluralista, o reconhecimento da diferença, em suas diversas configurações passa por processos de confronto social, sem os quais é impossível que o reconhecimento e a conquista de direitos se dê.

Para Federico Mayor (1999:2) , atual presidente da UNESCO, não pode haver paz sustentável, sem desenvolvimento sustentável. Não pode haver desenvolvimento sem educação ao longo da vida. Não pode haver desenvolvimento sem democracia, sem uma distribuição mais eqüitativa dos recursos, sem a eliminação das disparidades que separam os países avançados daqueles menos desenvolvidos.

Nesta perspectiva a construção da paz exige uma postura ativa. Não pode ser reduzida a uma cidadania passiva, se é possível chamá-la de cidadania, que se limite aos aspectos formais dos ritos democráticos. Construir a paz supõe ação, respeito pelos direitos humanos, luta não violenta contra tudo que desconhece a dignidade humana, afirmação do estado de direito, articulação entre políticas de igualdade e de identidade, entre igualdade social e diferença cultural.
EDUCAR PARA A PAZ
É neste horizonte de preocupações que nos queremos situar para procurar identificar algumas notas características de uma educação para uma cultura da paz.

Não se pode falar de educar para a paz se, em primeiro lugar, não se favorecer a análise da realidade. Abrir os olhos, ser capaz de reconhecer as contradições do mundo em que vivemos, é fundamental. Uma educação para a paz não pode ser um processo que leva, de alguma forma, a velar a realidade, a calar as diferentes vozes, particularmente as dos excluídos, a não enfrentar a desigualdade e a exclusão crescentes na nossa sociedade. O primeiro passo para uma educação para a paz é andar com os olhos abertos, não se negar a enfrentar a realidade por mais dura e desconcertante que seja e não querer “ proteger” as crianças e adolescentes da dimensão dura da vida. No entanto, não basta ser capaz de ver, analisar, conhecer, é necessário também se situar diante desta realidade, compreender os mecanismos que perpetuam a exclusão e as desigualdades e produzem violência., assim como os esforços de tantas pessoas, grupos, organizações para criar uma realidade diferente.

A paz não pode ser construída como um elemento isolado. É indissociável da justiça e da solidariedade. Paz, justiça e solidariedade constituem um conjunto e não se pode separar qualquer destes elementos dos demais. Querer a paz exige favorecer a justiça e construir solidariedade. A paz é um produto que se constrói com estes diferentes componentes. Não é somente uma meta a ser alcançada. É também um processo, um caminho. Neste sentido, é importante radicalizar a capacidade de diálogo e de negociação. Não construiremos a paz se não nos desarmarmos das nossas armas materiais, mas também se não desamarmos nossos espíritos, nossos sentimentos, tudo o que há em nós de negação do outro, de não reconhecimento, de prepotência, de exclusão dos “diferentes”. Para educar para a paz é fundamental desenvolver a capacidade de diálogo e de negociação sem limites. Sempre é possível conversar, expressar a sua palavra, resgatar o melhor de nossas experiências, ressituar as questões, construir plataformas de negociação no plano interpessoal, grupal e social. Trata-se de trabalhar muito a capacidade de escuta do outro, de deixar-se afetar, de repensar as próprias convicções, idéias, sentimentos, de desenvolver a capacidade de negociação, básica para construir com outros, conjuntamente. Em sociedades e culturas autoritárias como a nossa esta é uma dimensão fundamental.

A cultura da violência está cada vez mais presente nos diferentes ambientes sociais, da família ao Estado. A escola não está imune a esta dinâmica. A solução para esta problemática é, em geral, buscada acentuando-se as políticas de segurança. As situações passam a ser exclusivamente uma questão de segurança, de responsabilidade da polícia. Mais polícia nas ruas e nas escolas, mais repressão e punição, mais controle. É reforçada a lógica da contraposição de forças, o que é antagônico a uma cultura de paz. Uma educação para a paz procura desenvolver uma cultura dos direitos humanos, que passa pelo reconhecimento da dignidade de cada pessoa, pelo resgate da memória histórica, por nomear os mecanismos que favorecem em cada um de nós e no corpo social as reações violentas, pela expressão de sonhos partilhados, pela construção de um horizonte comum de vida e de sociedade que assuma a diferença positivamente.

No seminário promovido em novembro de 1999 pelo Instituto Interamericano de Direitos Humanos (IIDH) da Costa Rica, sobre a Educação em Direitos Humanos na década de 90 no continente latino-americano, se afirmou que hoje era importante reforçar três dimensões da educação em Direitos Humanos. A primeira diz respeito à formação de sujeitos de direito. A maior parte dos cidadãos latino-americanos temos pouca consciência de que somos sujeitos de direito. Outro elemento fundamental na educação de Direitos Humanos é favorecer o processo de "empoderamento" (“empowermwnt”) principalmente orientado aos atores sociais que historicamente tiveram menos poder na sociedade, ou seja menos capacidade de influir nas decisões e nos processos coletivos. O "empoderamento" começa por liberar a possibilidade, o poder, a potência que cada pessoa tem para que ela possa ser sujeito de sua vida e ator social. O "empoderamento" tem também uma dimensão coletiva, trabalha com grupos sociais minoritários, discriminados, marginalizados, etc, favorecendo sua organização e participação ativa na sociedade civil. O terceiro elemento diz respeito aos processos de mudança, de transformação necessários para a construção de sociedades verdadeiramente democráticas e humanas. Um dos componentes fundamentais destes processos se relaciona a "educar para o nunca mais", para resgatar a memória histórica, romper com a cultura do silêncio e da impunidade que ainda está muito presente em nossos países. Somente assim é possível construir a identidade de um povo, na pluralidade de suas etnias, e culturas. Estes componentes, formar sujeitos de direito, favorecer processos de empoderamento e educar para o “nunca mais”, constituem hoje o horizonte de sentido da educação em Direitos Humanos.

Uma quarta característica da educação para a paz é o reconhecimento da pluralidade. Não querer uniformizar, não querer que todos pensem da mesma maneira, nem atuem do mesmo modo. Supõe manejar a pluralidade e a diferença. Romper com o etnocentrismo, não hierarquizar os “outros”, pessoas, grupos sociais ou culturas, como inferiores ou superiores a mim, ao meu grupo ou cultura. Procura reconhecer a contribuição de cada um a partir da diferença. Uma educação para a paz supõe uma educação para o reconhecimento da pluralidade e da diferença, exige uma educação intercultural, que promova o diálogo entre diferentes grupos e culturas.

A paz é uma aspiração humana profunda. Todos queremos a paz. Conosco mesmo e com os demais. A paz social e a paz na dimensão planetária. Aspiramos a um amadurecimento humano pleno que não esteja bloqueado pelo medo, a insegurança, a falta de confiança nos demais, por sentir-se excluído, pela falta de auto-estima e pelas diferentes formas de violência. A educação para a paz supõe liberar o dinamismo profundo de crescimento de cada pessoa e de cada grupo humano, indispensável para se assumir a vida como uma aventura positiva, para enfrentar riscos e empenhar-se em construir com outros novas possibilidades de futuro. A sociedade nova que sonhamos exige atores sociais comprometidos, processos coerentes com o que se pretende alcançar, que enfatizem métodos pacíficos e não violentos – a paz é processo e produto.

A paz é um modo de viver o humano, de enfrentar os problemas e conflitos, de promover uma maneira não violenta de lutar pelos direitos humanos, capaz de reconhecer o outro e de realizar ações e processos coletivos. A paz é responsabilidade de tod@s. Governo e sociedade civil. Homens e mulheres. Crianças, adultos e idosos. Afrodescendentes, indígenas, brancos, mestiços, etc. Todos temos que expressar nossa voz. Somente na sinfonia de diferentes vozes podemos construir a paz.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



UNESCO: Mobilização Global para uma Cultura de Paz e não-violência. 1999 (home page: http://www.unesco.org/cpp

Não à violência !!!!!

Mensagem a Não Violência.

A violência não deve gerar mais violência para que a mesma não continue a se estender, envolvendo esta sociedade responsável, mas irresponsável no seu ato de proteger os indefesos da crueldade humana.

A causa primeira é a educação elitista existente. A minoria desfruta da melhor assistência e a maioria é desprezada e despreparada para viver socialmente.

A penúria gera revolta, rancor, vingança e paga o inocente que, traumatizado, sofre duras consequências e passa a descrer de seu direito de liberdade tão enaltecido pelos maiores.

Devido à violência, a sociedade está enfrentando, a cada momento, agressões que deixam marcas profundas nas vítimas de agressores insensíveis aos sentimentos humanos.

Destituídos de consciência, permitem-se tudo poder, tudo fazer sem medo de represálias, pois, no momento, a justiça dos homens está falida, carente de reformas e adequação a esta sociedade violenta que vem se estabelecendo, com o aumento da miséria.

Esta gera revolta, manifesta nos atos dos menos favorecidos pela educação e pela assistência por parte daqueles que deviam tudo fazer em termos da ordem e do progresso do país, do estado, da cidade e da comunidade.

O resultado é a grande crise que se abate sobre a sociedade em agonia.

O momento é de extremo perigo.

Se a violência não for contida, disciplinada, graves conseqüências se abaterão sobre a sociedade, sobre a família e sobre as comunidades desejosas de paz, de tranqüilidade e de harmonia.

Olhem as conseqüências funestas das violências praticadas: assaltos, lutas, agressões a velhos, mulheres e crianças.

Todos estão a mercê da índole malévola de tantos que fazem parte da marginalidade social.

Tudo está a descambar.

É caro o preço do direito à liberdade.

É proibido o direito de ir e vir.

É violado o direito à privacidade.

Inexiste a segurança domiciliar e nem o direito de propriedade é mais respeitado.

Que mundo é este que estamos a construir quando falamos em Nova Era, Novo Amanhã, quando tantos são injustiçados, violentados e agredidos nos seus direitos humanos?

É sério o nosso momento!

É necessário parar, pensar, refletir e reconhecer que, voluntária ou involuntariamente, somos coniventes com tudo que aí está.

Conscientizemo-nos que cabe cooperarmos para um Mundo Melhor, assistindo à miséria que desce do morro e se instala junto de nós a clamar pelo pão, pelo remédio, pela esmola, pelo abrigo, pela proteção, pela escola.

Se nos mantivermos surdos aos apelos da miséria, do abandono, não poderemos, no amanhã, responsabilizar os que fazem uso da violência, da agressão na conquista de seu espaço, por ínfimo que seja.

Estamos a erguer a bandeira da solidariedade, da fraternidade que mudou de nome, renunciando ser chamada de caridade cristã.

Somem-se aos idealistas, aos trabalhadores por uma sociedade digna, respeitosa, humana , fraterna e estarão participando da construção da sociedade Nova Era, baseada no princípio da responsabilidade consciente.

Igrejas, associações, comunidades, se façam uma frente de trabalho pela extinção da miséria.
O Pai os abençoará e terão a paz interna por " servirem amando".

Trouxe a minha esperança por um mundo melhor, para o coração de todos vocês.

Gritemos bem alto:
" que a miséria se faça experiência de um passado de dor".
Que assim seja!

Frei Celso

domingo, 23 de março de 2008

ABRAÇAR ABRAÇANDO

O corre-corre da vida moderna produziu mudanças até na maneira de cumprimentar nossos entes queridos.
Estamos falando mais e sentindo menos.
Precisamos compartilhar verbalmente e esquecemos da riqueza do silêncio e do quanto pode ser dito e compreendido a partir daí.
Tenho como sugestão o resgate do abraço.
Abraço afetuoso, prazeroso, descompromissado com o fazer e altamente envolvido com o sentir, com o estar presente.
A idéia de abraçar abraçando é de que neste momento não existe nenhum outro lugar para se estar, senão aqui.
Não existe mais nada a fazer, senão abraçar.
E nessa totalidade, somos testemunhas do Divino em nossa vida.
Experimente trazer para perto do peito as pessoas que você gosta, que você tem afinidade.
Os corações se encontram e a gente sente um calorzinho gostoso, aconchegante.
A respiração aprofunda e um suspiro pode aparecer, um som, um gemido.
São os corpos relaxando.
É importante que o abraço seja suave. Não há necessidade de abandonar o peso do corpo em cima do outro.
Permanecemos em nós mesmos e essa sensação de habitar o próprio corpo é muito rica.
Observe-se e não tenha medo do prazer.
Não precisa sufocar o parceiro (a) num abraço do tipo "quebra-costelas", como se quiséssemos segurar o momento para sempre. Tudo é impermanente e este estado também vai passar, portanto aproveite o agora.
DEIXE ACONTECER !!!!!

A ÁRVORE

Existem pessoas em nossas vidas, que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho.
Algumas percorrem a vida ao nosso lado vendo muitas coisas passarem; mas outras vemos apenas entre um passo e outro, a todas elas chamamos de AMIGO.
Há muitos tipos de AMIGOS, poeticamente falando, cada folha de uma árvore caracteriza um deles.
O primeiro nasce do broto, é o amigo para a vida inteira.
Depois vem o AMIGO IRMÃO, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós.
Passamos a conhecer toda a nossa família de folhas, à qual nós respeitamos e desejamos o bem.
O destino nos apresentou muitos AMIGOS, amigos estes que não sabíamos que iriam cruzar nosso caminho.
Muitos desses denominamos AMIGOS DO PEITO, DO CORAÇÃO. São os verdadeiros, os sinceros, sabem quando não estamos bem ou quando estamos felizes.
Ás vezes um desses AMIGOS do peito esbarra em nosso coração, e é chamado de AMIGO NAMORADO.
Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés.
Mas há também aqueles AMIGOS por um tempo, talvez umas férias ou mesmo um dia ou uma hora.
Esses costumam colocar muito sorriso em nossa face, durante o tempo que estão por perto.
Falando em perto, não podemos esquecer os AMIGOS DISTANTES, aqueles que ficam nas pontas dos galhos, mas quando o vento sopra aparece novamente entre uma folha e outra.
O tempo passa, o verão se vai, e o outono se aproxima, e perdemos algumas de nossas folhas.
Algumas nascem na primavera, e outras permanecem por muitas estações.
Mas o que nos deixa mais felizes, é saber que as folhas que caíram continuam por perto, continuam alimentando nossas raízes, com alegria e com lembranças que deixaram durante o tempo que cruzaram o nosso caminho.
Desejo a você, folha da minha árvore, paz, amor, saúde e sucesso, hoje e sempre.
Por que cada pessoa que passa em nossas vidas, é única e sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.
Há os que levam muito, mas não há os que não deixam nada.
Esta é a maior responsabilidade da vida, e é a prova evidente de que as almas não se encontram por acaso.
Obrigada por você ser uma das folhas da minha vida !!!!!
Autor desconhecido
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quinta-feira, 6 de março de 2008

Meu primeiro blog

Estou me sentindo muito bem e importante criando o meu blog.
Realmente, ter um espaço na internet pra que eu possa publicar meus textos é muito importante pra mim.
Não tenho público alvo, ele será destinado a todas as pessoas interessadas em artigos interessantes, poesias, contos, piadas e tudo que agrada e faz a vida mais alegre.

Um grande beijo
da amiga Julia Calvelli